A vida cristã é mais do que apenas um compromisso com Cristo, ela inclui compromisso com os outros cristãos. Os cristãos da Macedônia compreenderam isso (2ª Co. 8:5). Tornar-se membro de uma Igreja local é o primeiro passo que uma pessoa dá após ter aceitado a Jesus, você se torna cristão ao comprometer-se com Cristo, mas se torna membro de uma igreja ao comprometer-se com um grupo específico de crentes. A primeira decisão traz a salvação, a segunda traz a COMUNHÃO.
Deus quer que vivamos juntos. A vida foi feita para ser partilhada. Portanto, a Bíblia chama essa experiência compartilhada de comunhão. Hoje em dia, infelizmente, essa palavra perdeu grande parte do seu significado bíblico. Comunhão hoje se refere normalmente a uma conversa casual, uma atividade social, comida e diversão.
A real comunhão significa muito mais do que apenas aparecer nos cultos; Comunhão é ter vida em comum. Ela inclui amar ao próximo como a si mesmo, compartilhar com transparência, servir nas necessidades práticas, ser generoso com o sacrifício de si mesmo, consolar compassivamente e todas as outras orientações "uns aos outros" encontradas no Novo Testamento.
O que encontramos na verdadeira COMUNHÃO?
I. ENCONTRAMOS RECIPROCIDADE
Reciprocidade é a arte de dar e receber. É depender um do outro. Encontramos na Bíblia que a forma em que Deus estruturou os nossos corpos é o modelo para compreendermos as vidas reunidas como igreja, todas as partes são interdependentes (1ª Co. 12:25). Mutualidade é o coração da comunhão: edificar relacionamentos recíprocos, dividir responsabilidades e ajudar uns aos outros (Rm. 1:12).
Todos nós somos mais constantes em nossa fé, quando outras pessoas caminham conosco e nos incentivam. A Bíbia ordena que haja prestação de contas, incentivo recíproco, mútuo atendimento e honra recíproca (Rm. 12:10). Por mais de cinquenta vezes ao longo do NT, somos orientados a realizar diferentes tarefas "uns aos outros" e "entre si" (Rm. 14:19). Você não é responsável por todos no corpo de Cristo, mas é responsável para com eles. Deus espera que você faça tudo que puder para ajudá-los.
II. ENCONTRAMOS COMPAIXÃO
Um dos acontecimentos que melhor nos exemplifica compaixão é o de Neemias capítulo primeiro. Compaixão não é dar um conselho ou oferecer uma ajuda rápida e superficial; compaixão é penetrar e partilhar a dor dos outros. A compaixão diz: "Compreendo o que você está passando, e o que você sente não é estranho ou absurdo". Hoje em dia algumas pessoas chamam isso de "empatia", mas a palavra bíblica é "compaixão" (Col. 3:12).
A compaixão alcança duas necessidades fundamentais dos seres humanos: a necessidade de ter seus sentimentos confirmados. Toda vez que compreende e confirma o sentimento de alguém, você constrói comunhão. Mas, o problema é que estamos frequentemente tão apressados em corrigir as coisas que não temos tempo de sentir compaixão. Ou ainda estamos preocupados com nossas mágoas e tão cheios de autopiedade, que esgota completamente a compaixão pelas outras pessoas.
A Bíblia ordena: Compartilhem os seus problemas e transtornos uns com os outros e dessa forma obedeçam à lei de Cristo (Gl. 6:2). É em tempo de crise, tristeza e dúvidas profundas que mais precisamos uns dos outros. Quando as circunstancias nos esmagam a ponto de nossa fé vacilar, é que mais precisamos de amigos crentes. Precisamos de um grupo de amigos que tenham fé em Deus por nós e para nos fazer vencer as dificuldades. Foi disso que Jó necessitou durante seu sofrimento (Jó 6:14).
III. ENCONTRAMOS MISERICÓRDIA
A comunhão é uma situação em que opera a graça e o perdão; em que os erros não são lembrados, apontados, criticados, mas sim apagados. A comunhão acontece quando a misericórdia triunfa sobre a justiça.
Todos nós precisamos de misericórdia, porque nós tropeçamos e caímos e precisamos de ajuda para voltar ao caminho. Precisamos oferecer misericórdia uns aos outros e estar dispostos a recebê-la uns dos outros (2ª Co. 2:7).
Você não pode ter comunhão sem que haja perdão. Deus alerta: jamais guardem rancor (Col. 3:13). Porque amargura e ressentimento sempre destroem a comunhão. Como somos imperfeitos e pecadores, inevitavelmente magoamos uns aos outrso quando ficamos por algum tempo juntos. Às vezes magoamos uns aos outros intencionalmente e às vezes sem querer, mas de qualquer forma são necessárias enormes quantidades de graça e misericórdia para criar e manter a comunhão.
Lembre-se: jamais lhe será pedido que perdoe a alguém mais do que Deus já lhe perdoou.
Rev. Gilberto D. L. Amaral
Estudos realizados no Retiro Espiritual - Calheiros 2010.